quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A vida no futuro do pretérito presente do multiverso


Acho que nasci na era e no lugar errado. As únicas coisas interessantes do mundo moderno, para mim, são tecnologias e músicas. E essa última anda me decepcionando muito nesta década que se passou. Não gosto da sociedade de hoje, incluindo as pessoas que a formam, suas obrigações e a quantidade absurda de demagogia que transborda da humanidade num geral. Se vamos todos morrer torrados pelo sol por causa de um buraco colossal na camada de ozônio, ótimo. Merecemos isso por tudo o que já fizemos.

Acho que seria mais feliz em outra época, outro local. Talvez no Japão, anos antes da Era Meiji. Poderia ser um samurai, como meu bisavô. Lutaria pela honra, pela justiça, pelo orgulho. Meus inimigos seriam decapitados pela minha espada até o dia que nossos papéis se invertessem. De vez em quando, olhando as sakuras na primavera, tomaria um sake, cujo sabor refletiria meu estado de espírito.

E que tal na Grécia antiga, mais ou menos em 450 a.C.? Iria bater um papo com Sócrates e discutiríamos sobre o quanto nós realmente sabemos que não sabemos, o quanto a justiça é realmente justa e o quanto a verdade é irrefutavelmente uma mentira. Em um determinado momento, iria praticar a Maiêutica Socrática. Nas horas vagas, daria uma volta por Atenas sozinho para apreciar a paisagem e a arquitetura.

Talvez devesse voltar ainda mais no tempo, mais ou menos 2.750 a.C., na Suméria. Veria de perto o governo de Gilgamesh, o rei considerado semi-deus. De repente poderia descobrir que algumas lendas sobre ele eram, na verdade, verdades! Como sua força sobre-humana, por exemplo. Aproveitaria para pedir uma audiência com ele para saber onde seu pai conheceu sua mãe, na esperança de achar uma deusa para mim também. De preferência, não a mãe dele.

Ou quem sabe no futuro. Com alguma sorte e juízo, a raça humana resolveu os problemas de destruição planetária. Na pior das hipóteses, passaríamos a viver em colônias espaciais, em uma era onde ninguém mais liga para a aparência e eu poderia ser gordo em paz com outras pessoas gordas, todas em paz. Me envolveria com a gorda da colônia vizinha (não haveria mais casamento) e seríamos muito felizes com nossos dois filhos igualmente gordos, um casal, e nosso equivalente a cachorro de algum planeta aleatório próximo, o Sócrates.

Acho que teria sido legal acompanhar a descoberta do fogo também. Deve ter sido um momento interessante.

8 comentários:

Jefferson Sato disse...

Esse texto tá pronto faz quase dois meses... Enrolei muito para postar...

Rid disse...

Se for considerar somente as três variáveis que você mencionou, ainda ficamos com o presente!

Daniela Guedes disse...

jeff!
que saudades de ler seus textos...
que saudades de você...
ultimamente não tenho tido muito animo para pensar sobre as questões que costumavamos conversar durante as madrugadas em que eramos dois solitários unidos.
me perdoe pelo clichê, mas foi como um copo d'agua depois de uma longa caminhada no deserto.
a respeito do texto, uma vez te passei um conto publicado na scientific american que romanceava o pensmento de um homem das cavernas acerca dos misterios do fogo...nao sei se vc leu, mas é muito bonito! eu gostaria muito de ter observado essa descoberta!
e vc não é gordo.
*zen

bjoooooooooooooooooooos

Raphael TT disse...

alegria meu amigo verde! Se vivesse no passado ou no futuro, você estaria vivendo seu presente do mesmo jeito...e você ia reclamar de alguma coisa que eu to ligado (o ferreiro não ia fazer sua espada direito ou o Sócrates ia ser metido etc etc). =D

Jefferson Sato disse...

"... você ia reclamar de alguma coisa que eu to ligado (o ferreiro não ia fazer sua espada direito ou o Sócrates ia ser metido etc etc)".

BWUHAUHAHUAUHAUHAUHAUHAUHAUHAUHA!!!!!!!!!!! MORRI!

Rid disse...

E ele é gordo sim. Assim como o TT.

Jefferson Sato disse...

Pessoas gordas rulam. Você tem inveja da gente!

Raphael TT disse...

Verdade, o benevides tentou engordar a vida inteira....eu só sou barrigudinho :)