segunda-feira, 17 de maio de 2010

Cinco anos vagando no caminho das palavras


Andando pela Rua Sem Destino, me deparo com um conhecido aleatório.

- Oh! E aí, Verde, tudo bem, meu velho?
- Oi, tudo bom, e com você? – respondo amigavelmente
- Bem também. Cara, você foi na festa mês passado? Não te vi por lá!
- Festa? Que festa? Não fui em festa nenhuma ultimamente.
- Pena, foi muito boa! Enchi a cara e tinha várias cocotas high level lá!
- Ah, louco, hein! Deve ter sido boa a festa!
- Cara, tenho que ir, a gente se tromba por aí!
- Opa! Te vejo do outro lado!

E assim ele se vai. Continuo minha caminhada aleatória e viro na Rua da Solidão Lotada, onde encontro uma boa amiga que não via há algum tempo.

- Jeff!
- Onde?
- Hahaha! Idiota! Quanto tempo! Por que você não foi na festa mês passado?
- De novo essa festa. Nem sei que festa é essa! Não fui convidado não! – respondo perplexo.
- Besta! Não tem como você não ser convidado para essa festa! Para de me zoar.
- Mas eu...
- Ai, eu tenho que ir! A gente se fala no MSN! Saudades de você!
- Ah, tudo bem... A gente se vê...

E com um beijo no rosto ela se vai também. Só me resta fazer o mesmo. Sigo em frente até o fim da rua e saio na Av. Perdição Vagante, onde encontro aquele meu grande amigo que tinha sumido. O maldito aparece do nada, sempre.

- Fala, criatura.
- Caralho, Japa! Que agradável te encontrar aqui hoje!
- Idem. Mas não viaja, meu...
- Sério! O dia está bonito, olha em volta. As pessoas estão felizes. É da hora!
- Você tem problema. E aí, que anda fazendo?
- Nada, mano, só por aí na vida. Aliás, foi mal não ter ido na festa. Manda meus parabéns pra ele!
- Porra, mas que diabo de festa é essa que tá todo mundo falando? Eu não fui convidado pra essa merda!
- Festa do seu blog! O Chuta & Corre fez cinco anos, não é isso?
- Meu bl... NÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

É isso. Este blog ridículo fez cinco anos no dia 7 de abril, mas, ao contrário de todos os outros anos, eu me esqueci de postar no dia. Nem me lembrei deste inferno. Aliás, lembrei mais ou menos na época que voltei a beber Coca, que rendeu o último texto. Mas, como já estava atrasado... O que é um peido para quem está cagado? =/

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Eu tomo uma Coca-Cola e ninguém pensa em casamento


Esses dias eu cheguei ao meu trabalho, cansado da vida e de pessoas megalomaníacas, angustiado com as injustiças de religiosos e políticos, imerso em pensamentos sobre a existência que pesam como o mundo nos ombros de Atlas. Entrei, cumprimentei todos os presentes e fui para a próxima sala, onde fica o computador que uso. E então vi uma miragem, uma aparição divina, uma imagem fantasmagórica completamente sobrenatural nesta dimensão do multiverso. Em cima de minha mesa havia uma lata de Coca-Cola. Com um laço.

Uau! Passei um ano sem beber nenhum tipo de refrigerante. O motivo? Não faço a menor ideia. Mas foi bom, parei de ter azia frequentemente, dei uma emagrecida (por uns tempos) e acho que limpei um pouco meu organismo – ou seja lá o que sobrou dele. De qualquer maneira, foi difícil acreditar que aquilo era meu.

A ansiedade tomou conta. Descobri que minha boa samaritana foi a Renata, uma ótima amiga do trabalho a quem sou eternamente grato! Imediatamente coloquei a lata no congelador para gelar bem rápido. Cerca de uma hora depois eu a retirei e a abri. Ah, o som do gás saindo e do alumínio se rompendo. O “click” nostálgico do pecado. Muitos falaram que eu não deveria voltar a beber, outros que eu me desacostumaria após tanto tempo e não conseguiria apreciar os primeiros goles depois da longa e cruel abstinência. Mas eu queria colocar tudo isso a prova. E provei.

O primeiro gole desceu gelado e ácido. Fechei os olhos. O gás pesado na garganta, o gosto indescritível do líquido negro da corrupção preenchendo cada pedaço de meu ser, afogando todas as mágoas enquanto minha existência se afogava junto na insanidade metafísica do prazer desesperado. Nenhum amor importava mais, nenhuma tristeza me deprimia, nenhuma injustiça me derrubaria e nenhuma força seria inexorável o bastante para apagar o sorriso envenenado pela felicidade da conquista em minha alma. Eu era completo novamente, como não o fui durante tanto tempo. Tomei outro gole para celebrar.