quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Escuridão no fim do túnel

Hoje faltou luz. Fazia tempo que isso não acontecia por aqui. Quero dizer, que faltava energia elétrica por muito tempo. Foram interessantes quatro horas sem nenhuma luz além das chamas dançantes das velas. Como era de se esperar, ninguém teve nada para fazer, então ficamos todos juntos aqui em casa, conversando sobre... Qualquer coisa. Contamos histórias antigas, relembramos os animais que já tivemos em casa, falamos sobre o hoje, o ontem, o anteontem, o amanhã...

Para a maior parte das pessoas, ficar sem energia elétrica é desesperador. Entediante. Eu acho o computador entediante. Sinceramente acho. Tem tanta coisa para fazer que não quero fazer nenhuma. A falta de luz foi boa. Gostei de ficar longe, de certa maneira, da tecnologia. As vezes ela sufoca, faz mal. Internet, comunicação com o mundo, acesso a um monte de informações. Me faz pensar, me faz lembrar de coisas que não quero, cansa. Cansei. E faz tempo.

Tomei um banho frio. Em todos os sentidos. Eu não ia, pretendia esperar a energia voltar, apesar do calor, mas pensei “que se dane, preciso disso”. Abri o chuveiro e, com a cara e a coragem, me meti embaixo dele. Lavei a alma, realmente. Foi o banho mais filosófico, poético e relaxante que já tomei em muito tempo. A água não estava gelada como eu pensei, era só questão de costume. Talvez um monte de coisas nessa minha vida não sejam tão insuportáveis quanto parecem, talvez eu só precise ir com a cara e a coragem e, quem sabe, eu me acostumo. Me adapto. E supero.

A idéia disso tudo que escrevi veio nesse período de quatro horas. Aliás, eu ia escrever à mão mesmo, com a luz de uma vela perfumada verde, quanta ironia, que minha mãe disse para eu trazer para o quarto. Mas, quando abri o caderno e peguei uma caneta, as luzes voltaram, como mágica, como sarcasmo do destino, como pura piada. Eu preferi continuar na escuridão, em minha mente. Não a escuridão tenebrosa e assustadora. Apenas a calma e silenciosa, porque essa vale a pena.