sexta-feira, 8 de julho de 2011

Invisível? Quem?


Já teve a impressão de ser invisível? Ou muito insignificante? Dá vontade de procurar um espelho para ter certeza de que você continua existindo. Sempre fico perplexo com isso. Aconteceu algo comigo minutos depois de escrever o texto passado na praça de alimentação lá da Universidade São Judas. O lugar estava relativamente vazio e um grupo se acomodou em uma mesa ao lado de que eu estava. Foi então que chegou uma menina, daquelas escandalosas que gostam de se mostrar, e se juntou a essa galera... Na minha mesa.

Esqueça. A última frase não fez jus ao momento: ela atacou violentamente o material dela em cima da minha mesa, não se importando com as minhas coisas, e se sentou. Xingou alguma professora por um motivo ou outro aos gritos e reclamou de notas dando murros onde uma certa pessoa escrevia o rascunho deste texto. E tudo em volta vazio, como se fosse mal assombrado. Tinha, pelo menos, sete outros lugares nos quais ela poderia ter sentado e esmurrado à vontade. Mas ninguém me notou!

Como eu disse, isso me deixa muito fascinado. Algo que acontece bastante é o lugar ao seu lado em um transporte público ficar sempre vago. É como se você fosse um excremento humano. Pode parecer o contrário de invisibilidade, mas não é! Ninguém te olha, apenas evitam ficar perto por instinto. Sequer notam o que fazem ou sabem que você está ali. Seu perfume francês, suas roupas elegantes e aquela expressão alegre, simpática e acolhedora no seu rosto não têm a menor importância. E quando senta alguém é porque a pessoa te ignora completamente e pensa que os dois bancos são dela.

Mas meu caso preferido é no mercado. Todas as senhoras fazendo compras e sem senso de espaço simplesmente se aglomeram ao seu redor. Quando você percebe, está cercado por uma barreira de carrinhos que carregam crianças histéricas. Todo mundo precisa compulsivamente do produto que está ao seu lado. Toalha? Shampoo? Engradado de sucos daquela marca que ninguém nunca ouviu falar? Detergente com aroma de queijo gorgonzola? Não importa! A vida dessa gente depende daquilo.

Só que absolutamente nada supera quando as pessoas falam de você como se você não estivesse ali. Porque esse, meus amigos invisíveis, é o fundo do poço. E aí não sobra mais nada para espelho algum refletir.

13 comentários:

Rid disse...

Essa história de sentar ao lado em um banco do ônis me acontece naqueles dias nos quais eu não dou um jeito no meu (já desgraçado) cabelo e estou mal-vestido. Sério, se bandidos se vestissem bem, eles teriam muito mais sucesso em seus roubos.

E porque diabos você ficaria parado na ala de detergentes tempo suficente para acumular velhas com carrinhos ao seu redor?

Jefferson Sato disse...

Acho que a pergunta é: por que diabos alguém faria um detergente de gorgonzola?

Mas respondendo sua pergunta mesmo assim, quando eu ia fazer compras era acompanhando minha mãe ou irmão. Aí enquanto eles escolhem as coisas, eu fico parado em algum canto, esperando.

Jocee disse...

Bem, quanto a pessoas desconhecidas e escandalosas perto de mim, eu dou um jeito para que notem que estou ali e que cheguei antes, ou seja, faço as pessoas saírem de perto, principalmente quando quero ficar sozinha...

Mas em relação ao ônibus, eu até prefiro que não sentem ao meu lado. Me dá uma agonia quando um desconhecido se senta ao meu lado, sinto que ficam me cuidando e me sinto sufocada.

Enfim, bom texto, Jeff.

Tatiane disse...

Te entendo perfeitamente, acho. Principalmente pelo último parágrafo.

Enfim, quebremos os espelhos porque, provavelmente, daqui um tempo eles não nos serviram mais mesmo.

Anônimo disse...

A questão muitas vezes não é ser invisível. Essa menina poderia ser apenas uma folgada do caralho sem nenhuma noção de espaço.

Em ônibus e metrô é muito comum acharmos que ninguém que sentar ao nosso lado, mas isso na maioria das vezes é apenas algo da nossa cabeça. Se estamos distraídos nem percebemos que alguém sentou do nosso lado ou que existem outras pessoas sentadas sozinhas.

O problema é que quando colocamos algo em nossa cabeça, sempre veremos situações que nos fazem achar que somos aquilo mesmo. Vc pensa assim, então tudo que acontecer vc vai achar que estão te ignorando ou te tratando mal, mesmo não seja assim.

A auto-piedade não traz progresso. Levante a cabeça, sorria e viva! Assim vc chamará muito mais atenção dos outros.

Jefferson Sato disse...

Obrigado, mas eu gosto de não chamar atenção. Solidão à parte, é muito útil para alguém como eu.

Mas vale dizer que o texto é só uma ironização as situações, não me acho insignificante, não.

E levantar a cabeça e sorrir é coisa pra gente que tem motivo pra fazer essas coisas.

Mas valeu o toque!
Abraço, Anônimo!

Warning disse...

No transporte coletivo eu prefiro sentar em assento único ou no que não tem ninguém. Acho normal... Talvez não é você que é invisível, é que todos nós ignoramos desconhecidos a nossa volta. Mas nada justifica o comportamento da menina na praça de alimentação da faculdade. Muito estranho.
único ou no que não tem ninguém. Acho normal... Talvez não é você que é invisível, é que todos nós ignoramos desconhecidos a nossa volta. Mas nada justifica o comportamento da menina na praça de alimentação da faculdade. Muito estranho.

Warning disse...

Que bonito, meu comentário teve metade dele duplicada.

Rid disse...

Meldels, eu escrevi "ônis"! Mulher não entende esse caso, anyway. Eu mesmo procuro sentar do lado delas porque elas não sentam de pernas abertas >_>

Raphael "TT" disse...

As vezes você vai ser tratado como se fosse invisível...vão querer te despachar, te deixar constrangido... Mas você pode sempre mandar tudo tomar no **, inclusive ameaçar, insinuando agressões físicas, principalmente se o alvo estiver vestindo azul e amarelo...

Deixando de lado as brincadeiras (yeah, sure...), Mr. Green, da mesma forma que o senhor se sentiu "invisível", esta mesma garota estérica provavelmente berrou e esmurrou para pessoas que estavam com um "foda-se" estampado para a tal...ela queria atenção...ela era a invisível....

vanessa disse...

Bom, eu vi a cena da menina da faculdade. Realmente existia um monte de lugares vagos, não fazia sentido nenhum sentarem ali. Outra coisa interessante é que também não notaram quando a gente saiu de lá!

vai entender...

Khaymam disse...

Estranho, primeira vez que leio seus textos e sinceramente, não faz o menor sentido, pelo menos para mim, tipo além do que você diz da menina que eu teria no mínimo saído do lugar, eu nunca reparei nessas bagaças, pq devido ao meu tamanho, as pessoas sempre estão olhando para mim e eu nem reparo mais.

Carolina disse...

Aconteceu algo parecido comigo uma vez. Eu estava com o João em algum lugar e um colega dele chegou, o cumprimentou e ficou conversando com ele durante alguns minutos e de repente saiu. A questão não foi ele não ter falado comigo, ele nem sequer me olhou, nem quando estava chegando perto. Foi como se eu não estivesse lá, foi como se naquele momento eu não existisse, muito muito estranho, nunca tinha sentido isso, um vazio imenso sem explicação.